PALMEIRA DO ENLACE AMOROSO
Amor! Ainda recordo o nosso primeiro encontro,
Debaixo das palhas verdes da cor de esmeralda,
Onde o sol nunca deixou de brilhar na intensidade,
Alargando com os ventos a dura e cruel saudade,
Que se impõe na regência do meu sempiterno babaçu.
Lembre-se! Que juntos saíram raios com carícias,
Enfeitando no meio do cocal as delícias do amor,
E por baixo da palmeira de babaçu, ainda há marcas,
Que nem o tempo apagou ou extirpou do seu tronco.
Meu amor! Até relembro ao passar pelo coqueiro,
Na estrada que ligava o teu coração nos anseios,
Costurados na amizade e no cheiro do matagal,
Não, eu não esqueci. Tudo, tudo foi muito legal.
O resto mudou em diversas partes do mundo,
Porém, a nossa palmeira ainda continua firme,
Cresceu no meio do capoeirão entre a chapada,
E a cotia levou para mais distante seus frutos,
Olvidou de roer os cocos das novas palmeiras, ali nasceram.
E foi neste grande tronco onde nasceu o nosso clamor,
Na mistura de abraços entre mim, a palmeira e teu corpo,
Elevando entre risos, prosas, poesias e cantigas de amor,
Dos beijos equilibrados de uma paixão quase sem fim.
Meu amor! Tantos anos se passaram no imenso relevo,
E a palmeira continua lá, tão intacta como eu por ti,
Balançando as suas palhas e dando dilatadas sombras,
Nas manhãs e durante todo o esplêndido entardecer,
Por isso, meu amor! Eu não posso jamais te esquecer.
E vejo em suas palmáceas verdejantes no alto,
Que um dia fostes a mulher ideal daquele matagal,
A primeira e única princesa do sertão que me apaixonei
Fazendo-te mil aconchegos no meio das palmas.
Ainda brilha no céu azul suas palhinhas verdes,
O bem-te-vi ainda canta no seu emérito apogeu,
Com voos rasantes e acrobáticos é filho meu,
Conservo esta formosura da nossa infância,
Com vinte e cinco metros não se curva ao tempo.
Na espera longínqua de um dia encontrar os teus olhos,
Já que todas as manhãs a palmeira lanças suas gotículas,
Pranteando pelo encontro que o tempo não volta mais,
Do orvalho límpido e tão lagrimado pela árdua saudade.
Esteja onde estiveres - eis o altivo símbolo sentimental,
Daquela nobilíssima intensidade amorável que ainda reina,
Na mais bela estátua do sertão que ainda fazem à união,
Mantendo acessa entre o sol e os ventos a nossa inclinação.