AMOR CARRASCO
Eu sinto guilhotinas dilacerando as entranhas de minha paz;
Segue a propagação desses meus ais, sinalizando que meu peito está aflito;
No meu olhar contrito, explode essa inflamação que num soluço me contrai;
Avanço andando para trás, lutando contra a forca que me sufoca o grito!.
Estou vencido, fuzilado de amor e tenazmente rendido;
Completamente nutrido pelo vão de sonhos destinados ao relento;
Envenenando-me de sofrimento, desvairando os meus sentidos;
Os meus escudos foram esquecidos, meu leme carregado pelo vento!
Jamais me vi tão doentio, jamais se viu tamanha crônica crise no amar;
É um querer a torturar, é um feitiço que abobalha e subverte;
Estou submergindo inerte, levado aos calabouços desse algemar;
Nas grades desse mar sou tão independente quanto uma marionete!
Amor sem dó é esse, amor cruel e sem complacência;
Usou tua inocência para escravizar meu infinito de malícias;
Me pôs em transe nas tuas delicias, te fez minha maior carência;
Amor pecador repleto de decência, que me mata com suas carícias!!