Desconstruindo a Bacante

Ainda pensas pintar a tela do meu corpo

com nuances lilases que possam

demarcar o teu território em mim.

A paixão que consome a carne

ainda é a mesma de outrora

quando havia nas ruas da cidade

o rito profano do Carnaval.

Era na época em que a meiga

Colombina perseguia sem tréguas

o Pierrô e que a Poetisa apaixonada

deixava de lado as letras do amor

para encarnar na pele uma

desvairada Bacante.

Falas em loucura quando expressas

em palavras obscenas teu

insano desejo por mim.

A Poetisa já não escreve realidade

onde a crueldade do desencontro

margeia nossas vidas fincando

bandeiras e alardeando desilusões.

A palavra fere como o punhal

que corta a pele quando

provoco em ti alguma (re) ação.

Penso em um castigo para ti

invertendo nas entrelinhas a

posição Mestre/Serva.

Proponho desconstruir a Bacante...

Tu envias um coração em chamas...

Mas o que arde não é o coração.

É apenas o corpo envolto nas

brasas crepitantes do desejo.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 06/08/2008
Código do texto: T1115642
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