Desconstruindo a Bacante
Ainda pensas pintar a tela do meu corpo
com nuances lilases que possam
demarcar o teu território em mim.
A paixão que consome a carne
ainda é a mesma de outrora
quando havia nas ruas da cidade
o rito profano do Carnaval.
Era na época em que a meiga
Colombina perseguia sem tréguas
o Pierrô e que a Poetisa apaixonada
deixava de lado as letras do amor
para encarnar na pele uma
desvairada Bacante.
Falas em loucura quando expressas
em palavras obscenas teu
insano desejo por mim.
A Poetisa já não escreve realidade
onde a crueldade do desencontro
margeia nossas vidas fincando
bandeiras e alardeando desilusões.
A palavra fere como o punhal
que corta a pele quando
provoco em ti alguma (re) ação.
Penso em um castigo para ti
invertendo nas entrelinhas a
posição Mestre/Serva.
Proponho desconstruir a Bacante...
Tu envias um coração em chamas...
Mas o que arde não é o coração.
É apenas o corpo envolto nas
brasas crepitantes do desejo.