Ainda quero teu corpo
Ainda quero teu corpo...
E como dizia Cazuza:
“Com amor ou não”.
Quero teu corpo como a
urgência desse poema que
escapa de mim, escorre
pelo branco do papel
e nele macula palavras,
versos e sentidos.
Não posso explicar o
desejo que por ti sinto,
tampouco seria capaz
de mensurá-lo.
Não há medidas onde
arde o fogo que
consome teu corpo em mim.
E não há limites...
É como se de repente
o tempo urdisse em sua
teia um fio espesso que
me entrelaçasse em ti.
A Bacante, uma vez mais,
se sobrepõe à Poetisa,
oferecendo-te outro banquete.
Duas personas a dividirem um
mesmo corpo, a debaterem-se
em dois diversos desejos.
A Bacante oscila entre
o prazer e a dor.
A Poetisa entre a
paixão e a poesia.
Mesmo assim ainda
quero teu corpo...
Mesmo que a razão se
contradiga dentro de mim
e mesmo que seja somente
por mais um único dia.
Rita Venâncio.