Queria ser um tropel
Trotando vagarosamente,
fazendo lânguidos ruidos.
E ao passar em sua rua,
Aquela rua que é tão sua,
Que se localiza no número vinte e tres.
Eu te olhasse, você sorrise e me acenasse

O tropel se distanciaria
Eu veria a luz da tarde se apagando
Lá no arremate do oceano
Choraria em mim, a despedida de um dia
Meu pranto e o seu teriam a mesma melodia


Sempre me enfraquece o romper da aurora de um dia
O acender e o apagar das luzes passa rápido igual a paixão,
Mas no dia seguinte tudo se enche de requinte
Novamente fico ofegante, ora presente, ora distante
Esperando por mais um dia, alegre ou triste, não sei.

Só há uma coisa que doma uma paixão: A razão
Mas a razão é tão crua, nua, sem ideal
Ela é fria, distante, impessoal
Ah, prefiro ser apaixonada, enlouquecida, coisa e tal
Do que viver projetando e calculando o racional.

Chora em mim, a despedida de um dia
Me invade o crepusculo e a clariade se vai
Pois, no sobressalto das ilusões,
Penso num momento raro, caro e dolente.
É o medo, causa da insonia das gentes.

Que só aquele fazedor de alegrias e dor
Sabe unir, separar, distanciar e juntar

Ele sabe impor sua força escomunal
Pois não existe nada igual
Que possa se parecer ao fluido excelso
Que conduz a vida ao natural
Transformando-a em bonita ou feia.

Gentes que acham o sentimento fazedor
De infinitas coisas, esperanças, meras, quimeras
De tudo... menos de amor

Queria ser um tropel
Cavalgando lentamente
E nada me fosse indiferente
Pois traria junto comigo
A violação, a trangressão
fazendo lânguidos ruidos.
Rompendo os laços do meu sentido

E ao passar em sua rua,
Aquela rua que é tão sua
Que se localiza no numero vinte e tres.
Eu te olhasse, você sorrise e me acenasse

Que só o amor fazedor de alegrias e dor
Sabe unir, separar, distanciar e juntar
Ele sabe fincar sua energia
Suas garras plangentes, contentes
soberanas, macias, vadias...

Mas o amor é grande
Ele é o sentir dos amantes
É o fruto da união de dois corações
E na sede de aprender a amar
do jeito que nosso espírito deseja,
pois é ele quem ama, o espírito
Esqueceremos o nosso jeito de sentir
E vamos nos confundir num amor unico
Por seres, criaturas, vida, tudo.

Em seguida aos meus passos vagarosos
Na ânsia de olhar pra trás e rever o seu olhar
Ando cambaleante, preguiçosa, ofegante
Indo e vindo, seguindo à vargem
Insipida, avexada, um tanto amendrontada

Com receio de não ser olhada
Mas com a certeza honrosa
De ter mih'alma calejante e esperançosa
De te ter em meus braços um dia
Pra te dizer: TE AMO


OBS: Ofereço este poema a Victória Magna (Elma) que, carinhosamente, além de ter sido a única a comentá-lo, gostaria de, um dia, quem sabe, poder recitá-lo com a Victória ao piano. Beijos  poéticos, com muito carinho, a Victória, grande incentivadora das artes.
Meg Klopper