Velhas Fotografias
Vivendo de velhas fotografias,
Imagens rasgadas em papéis amarelados,
Sigo a vida rumando para a morte
Na esperança de abrandar minha saudade.
São meus fantasmas jamais esquecidos
Que seguem meus passos, afoitos como lobos
À espera de um simples descuido meu
Para roerem-me os ossos reumáticos.
Uma vida inteira de plagas incontáveis,
Imensas cicatrizes marcando meu rosto
Em rugas e vincos do tempo amargo
Sobre a pele maltratada pela desgraça.
Tudo o que se foi num sonho juvenil
Perdido eternamente está, como um corpo
Sem vida, caído nas ruas enlameadas
Da minha triste amargura.
A sepultura vazia de flores
Sem nenhuma referência às dores,
Às conquistas, aos sonhos, aos delírios
Do homem que um dia fui e hoje já não sou.
Velhas fotografias em branco e preto
Velhas lembranças de um tempo ameno
Velhas esperanças de um sonho real
Velha certeza de que tudo um dia se esvai...
E vai.