A INVASORA
De alguma forma eu me perdi nos labirintos de tua fragrância;
Como criança dependente, que já não governa nem o seu destino;
Presidiário no seu ninho, mais fraco que os ímpetos da ânsia;
Acorrentado à sua lembrança, atormentado e em desatino!
Nenhuma célula de meu ser se ausentou desse motim;
De meus princípios até meu fim, eu sou reflexo dessa invasão;
Que subjugou meu coração, que me tocou a face com lábios de cetim;
Que tem a luz de um querubim, que tem a força de uma inundação!
É como o sol perpetrando seu reino na penumbra de um quarto;
Como os murros de um infarto, castigando as hastes do resistir;
Essa mulher a me invadir é deusa do infinito e dos encantos fartos;
Que me esmiuça aos cacos, que impera vitalícia em meu existir!
Sem licença e sem consentimento, ela chegou para não mais ir;
E fez meu pranto sorrir, quando de si me adoeceu;
O seu castigo não me doeu, porque feliz me faz sentir;
Ainda que minha liberdade esteja a partir, mesmo não sendo meu dono mais eu!!