A INVASORA

De alguma forma eu me perdi nos labirintos de tua fragrância;

Como criança dependente, que já não governa nem o seu destino;

Presidiário no seu ninho, mais fraco que os ímpetos da ânsia;

Acorrentado à sua lembrança, atormentado e em desatino!

Nenhuma célula de meu ser se ausentou desse motim;

De meus princípios até meu fim, eu sou reflexo dessa invasão;

Que subjugou meu coração, que me tocou a face com lábios de cetim;

Que tem a luz de um querubim, que tem a força de uma inundação!

É como o sol perpetrando seu reino na penumbra de um quarto;

Como os murros de um infarto, castigando as hastes do resistir;

Essa mulher a me invadir é deusa do infinito e dos encantos fartos;

Que me esmiuça aos cacos, que impera vitalícia em meu existir!

Sem licença e sem consentimento, ela chegou para não mais ir;

E fez meu pranto sorrir, quando de si me adoeceu;

O seu castigo não me doeu, porque feliz me faz sentir;

Ainda que minha liberdade esteja a partir, mesmo não sendo meu dono mais eu!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 30/07/2008
Código do texto: T1104721
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