TRADUZIR-ME... (COMPOSIÇÃO SOBRE UM RETRATO II)

Como? Se sorrio,

Sorrio para não expor-te antigas lágrimas,

Para não dizer-te das minhas entregas

Intensas, as que lanharam a minha alma

Deixando prazeres e marcas profundas.

Como? Se pela poesia

Me identifico, fotografias da minha vida,

Retratos de desejos que não ouso revelar-te

Para não perturbar um absurdo silêncio

Que quero assassinar, porém não consigo.

Como? Se pela palavra

Me surpreendo, contundente pelo avesso,

Doçura indisposta a se alastrar pelo corpo,

Esse meu corpo que ninguém traduziu

Com o amor intenso, esse amor que liberta.

Como? Traduzir-me, não!

Não sabes nada de mim...

Não sabes do meu princípio,

E muito menos de meu fim!

Enfim...