A ANDORINHA E O POETA

Diz a página verídica da vida, que certa feita viajava a andorinha;

Suas asas incansáveis rasgavam ares, ávidas por um verão;

O céu era menor que uma gaiola, nem mesmo o infinito lhe continha;

Ela voava sem raízes e por nenhuma específica paragem, tinha afeição!

Nuvens choraram por seu amor, e o vento sofreu por causa dela;

Mas sua sina era dinâmica e seu querer negava um só destino;

Seu canto não se prendia e o seu encanto era um barco a vela;

Pássaro que não amava e nem se dava à emoção em desatino!

Até que nos seus ares, surgiu uma desavisada corrente poética;

Que interferiu em seu percurso, que revolucionou seu modo de voar;

Venceu a andorinha com a força apaixonada de sua prédica;

E derreteu seu coração, que nos braços do poeta quis pousar!

A andorinha independente se permitiu viver em grades;

Chorou pela primeira vez, sentiu a dor que costumou proporcionar;

Sem o amor de seu poeta, escureceu seu céu na densa tempestade;

E em cada verso que ficou, o seu verão insiste em invernar!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 29/07/2008
Reeditado em 29/07/2008
Código do texto: T1102620
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