“O céu é um cinema quando finda o dia”

“O céu é um cinema quando

finda o dia”, canta Zé Geraldo.

Digo que o céu é um poema

quando visto de teus olhos

verdes, enquanto a alma da

Poetisa flutua em mim

um doce e ameno segredo.

No canto que o verso

canta reflete-se a palavra

que cala no peito.

Não devo anunciá-la...

Não devo permiti-la...

Mas a paixão costuma cegar-me

os olhos, assim como os

de Édipo foram

silenciados na escuridão do dia.

E sei, como canta Chico,

“que os poetas como os

cegos podem ver na escuridão”.

A poetisa vê na penumbra

da noite que veste o dia

o lamento do que talvez

uma única vez vivenciará.

Quiçá o tempo, algoz dos dias

intensos que passo em ti,

usará a guilhotina para cessar

a plenitude do momento, ou a

velha ampulheta que encerra

em si o grão de areia, o

minuto que refaz a hora,

devorando-a vorazmente.

O que devora a alma da

Poetisa é um segredo,

uma certeza que tece com

fios incertos qualquer palavra

tua que não seja

somente um adeus.

Rita Venâncio.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 28/07/2008
Reeditado em 03/08/2008
Código do texto: T1101861
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