Meus olhos

Meus olhos

Por que olho chama-se olho?

Com dois os e um éle agá bem no meio

Como um nariz arrebitado no meio da face

Pirâmide imponente, as minhas narinas dilaceradas

Duas crateras olfativas que transformam em odores doces

O que os olhos sentem:

denunciam-me a ti, falta ti em meu eu

Meus olhos buscam tuas pupilas dilatadas

Queres provar-me!

incendiários

Estes olhos que Deus me deu

Traem-me. Perco-me em meu eu

Quando olho no espelho, que vejo eu?

E no vidro que separa ilusão e realidade

É como se fosse outro eu observando-me.

Pinto-me. Um retrato disforme em aquarela,

Tinta a óleo, tons pastéis, rascunho em tela.

A imagem do espelho contra o sol, ah Sol!

Toda eu, só eu em meu eu sou eu

Um retrato disforme na tela

Inacabada

Goles largos em gorgomilos embriagantes

E tudo isso são meus olhos que desabrocham?

Desejos inconfessáveis, vontades insanas...

Te vi , me vi em ti, te vi em vão

Odores fétidos da flor de jatobá

Cheiro de amor, o fruto proibido

meus olhos são

...

Criado em 02/12/2007

Langeli
Enviado por Langeli em 28/07/2008
Código do texto: T1100943
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