Chama com danos
Molha-me o coração dor de serenos
vendo molhada a madrugada já cortada em versos,
como telhado de um amor desfeito em gritos,
algo esquisito, algo acabado, algo chorado.
E triste o dia nasce chorando a noite
feito chama embriagada cheia de venenos,
os que não molham a boca apaixonada,
mas os que matam o sabor dos sentimentos.
Hei de viver eternamente uma ingrata dor
e lembrar-me entristecido de certo amor
que me matou quando dele mais amor eu esperava.
E viva a voz que roufenha inda reza
e pequenina a fala de esperança
quando triste tudo acaba em apagada chama.