RETORNO
Sou o rei bêbado e atirado na masmorra
beba do néctar que o amor entrega e corra,
a estrada é livre enquanto a noite dura
aquele que vive o sonho deixa na poeira a agrura.
Na torre do castelo a dama,
será que o mago socorre a quem vê: o céu inflama
e o jardim sangra, por mim o pecado
enrosca na solidão, a festa no corpo é posse e fado.
O sol se põe quando meus olhos fecham
é hora de despertar-te a busca, sou
o que leva na alma o nome teu,
o que vai embora de mão dada ao retorno.
Tua boca estupra meu sexo em mil rosas desfolhadas,
minh'alma invoca anjos e demônios
pois não suporto tua ausência incandescente,
pelo teu amor, mais do que juiz sou delinquente.
Pelo teu amor venço deserto e abismo
empunho armas sagradas, sei que o dragão é perto,
pelo teu amor levo nos dentes a rosa e na mão o incêndio,
pelo teu amor esfrego-te no corpo a lâmpada e sou teu gênio