DESEJO
Saíste de dentro do meu sonho
Vestido de fino nacarado
A semear com tuas mãos vazias
Agônicos desejos
Em terras dissolutas
Encravadas em vastidões de fertilidade,
Traspassadas por gumes de solidões.
E por ser assim te encontrei
Na noite das paixões inefáveis
De onde surgiste inteiro e belo
Quando eu estava
Pronta para me entregar
(outra vez!)
Aos quereres de Vênus
Num eterno recomeçar.
Longe te reconheci
Num horizonte pleno de ausências
Na interminável (e tão conhecida!) paisagem
Do caminho das pedras.
Só a visão teogônica
Do meu imperecível querer
(ainda que preso em algemas pétreas)
É livre para te acolher
Tão imprevisto quanto inominado.
Aí então saberás de mim
Artífice dos amores peregrinos.