DESEJO

Saíste de dentro do meu sonho

Vestido de fino nacarado

A semear com tuas mãos vazias

Agônicos desejos

Em terras dissolutas

Encravadas em vastidões de fertilidade,

Traspassadas por gumes de solidões.

E por ser assim te encontrei

Na noite das paixões inefáveis

De onde surgiste inteiro e belo

Quando eu estava

Pronta para me entregar

(outra vez!)

Aos quereres de Vênus

Num eterno recomeçar.

Longe te reconheci

Num horizonte pleno de ausências

Na interminável (e tão conhecida!) paisagem

Do caminho das pedras.

Só a visão teogônica

Do meu imperecível querer

(ainda que preso em algemas pétreas)

É livre para te acolher

Tão imprevisto quanto inominado.

Aí então saberás de mim

Artífice dos amores peregrinos.

Zel Soares
Enviado por Zel Soares em 26/07/2008
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