NÃO VIRE A PÁGINA

Aquela tarde tão comum, aquela busca virtual: aquele encontro!

Estranhamente atônito, me dei conta de que a cena era singular;

Vi o luar naquela pele, senti que o que brotava em mim já estava pronto;

Tal como um mágico conto, da fada morena com o meu enamorar!

Foi impossível reter todos os capítulos posteriores;

Ardentes noites de amores, palavras mais fortes até que o tato;

O pressuposto tornou-se fato, meu paladar tornou-se caçador de teus sabores;

Tudo eram flores, cada verbo um amoroso relato!

Na cena de tua nudez, o espetáculo que me calou;

Vernáculo que ninguém jamais falou, ali manifestou o meu olhar;

Lençóis a se incendiar, combustão que em meu coração se propagou;

Todo pudor se afugentou, toda paixão achou por bem me acorrentar!

E agora que tudo acabou, o que dizer para o meu coração?

Que só restou recordação, que preciso procurar-te sob as cinzas do nada?

E quanto ao nosso conto de fadas? Mando-lhe embora juntamente com a paixão?

Ou devo implorar à tua mão: “não vire a página”?

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 25/07/2008
Código do texto: T1096800
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.