NÃO VIRE A PÁGINA
Aquela tarde tão comum, aquela busca virtual: aquele encontro!
Estranhamente atônito, me dei conta de que a cena era singular;
Vi o luar naquela pele, senti que o que brotava em mim já estava pronto;
Tal como um mágico conto, da fada morena com o meu enamorar!
Foi impossível reter todos os capítulos posteriores;
Ardentes noites de amores, palavras mais fortes até que o tato;
O pressuposto tornou-se fato, meu paladar tornou-se caçador de teus sabores;
Tudo eram flores, cada verbo um amoroso relato!
Na cena de tua nudez, o espetáculo que me calou;
Vernáculo que ninguém jamais falou, ali manifestou o meu olhar;
Lençóis a se incendiar, combustão que em meu coração se propagou;
Todo pudor se afugentou, toda paixão achou por bem me acorrentar!
E agora que tudo acabou, o que dizer para o meu coração?
Que só restou recordação, que preciso procurar-te sob as cinzas do nada?
E quanto ao nosso conto de fadas? Mando-lhe embora juntamente com a paixão?
Ou devo implorar à tua mão: “não vire a página”?