SEI-TE MORTO
Sei-te morto lá fundo
do coração palpitante,
ave caída em vertigem
do seu vôo de sonho.
Sei-te morto, choro pérolas
rolando na face marcada
pela guerra de sedução
dos sexos em ebulição
na babilônia do leito.
Sei-te morto, avesso do vivo,
ser de existência abstrata,
tocar-te nunca eu pude,
mas sabia da existência
dentro de mim a evoluir
em prazer, dor e alegria,
a ejacular tantas palavras
para gerar a poesia.
Sei-te morto, ó Amor,
nas horas do crepúsculo
e nas madrugadas frias
teu fantasma tem o dom
de me esbugalhar os olhos
pensando que ressuscitaste
igual ao homem da cruz...
12/04/05.