NINGUÉM ESQUECE UM GRANDE AMOR
Chega gentil, com ares de amizade ou discursando ser limitada sedução;
Pouco a pouco requer mobilização, começa a suplantar seu próprio plano;
Até chamar o que cria de engano, e proclamar a derrota do coração;
Assim brota uma paixão, esse querer não pretendido, que até engana o desengano!
As noites se tornam mais longas e a alma bebe melódicas canções;
Transfiguram-se as feições, e o pensamento adquire poderes alados;
Os silêncios são intimamente falados e o bem querer abraça as inflexões;
Inspirações se tornam rios, invadindo esquecidos talentos ressecados!
Na solidão é frio quebrantador, ossos em brasa com a chegada do ciúme;
Novas rotinas abastecendo outros costumes, vida lacrada numa almejada pessoa;
Aquele sino que ressoa, vontade de escalar um coração até seu cume;
Uma derrota que não se assume, uma invasão que não perdoa!
Vírgulas se tornam texto, detalhes passam a ser o próprio mundo;
Cada palavra toca fundo, cada proferida coincidência é planejado pretexto;
Fica fora de contexto, toda provável cura desse sentir moribundo;
Uma vida cabe num segundo, mediante a troca de um beijo!
Camas se transformam em palcos, o brilho do olhar povoa o céu;
Salivas têm gosto de mel, mãos seguem viagem sem hora pra voltar;
Ver aquele alguém é ver o mar, palavras e boca são tinta e pincel;
Não prevalece um único véu, que alguma tímida emoção possa ocultar!
Até que a ditadura do egoísmo proclama ser chegado o fim;
E são dados assim, novos rótulos àquele inconfesso ardor;
Ilude-se o peito com outro fervor, que almeja gostoso sabor nesse gosto ruim;
Sei que tem deserto que já foi jardim, mas ignoro quem tenha esquecido um verdadeiro amor!!