NINGUÉM ESQUECE UM GRANDE AMOR

Chega gentil, com ares de amizade ou discursando ser limitada sedução;

Pouco a pouco requer mobilização, começa a suplantar seu próprio plano;

Até chamar o que cria de engano, e proclamar a derrota do coração;

Assim brota uma paixão, esse querer não pretendido, que até engana o desengano!

As noites se tornam mais longas e a alma bebe melódicas canções;

Transfiguram-se as feições, e o pensamento adquire poderes alados;

Os silêncios são intimamente falados e o bem querer abraça as inflexões;

Inspirações se tornam rios, invadindo esquecidos talentos ressecados!

Na solidão é frio quebrantador, ossos em brasa com a chegada do ciúme;

Novas rotinas abastecendo outros costumes, vida lacrada numa almejada pessoa;

Aquele sino que ressoa, vontade de escalar um coração até seu cume;

Uma derrota que não se assume, uma invasão que não perdoa!

Vírgulas se tornam texto, detalhes passam a ser o próprio mundo;

Cada palavra toca fundo, cada proferida coincidência é planejado pretexto;

Fica fora de contexto, toda provável cura desse sentir moribundo;

Uma vida cabe num segundo, mediante a troca de um beijo!

Camas se transformam em palcos, o brilho do olhar povoa o céu;

Salivas têm gosto de mel, mãos seguem viagem sem hora pra voltar;

Ver aquele alguém é ver o mar, palavras e boca são tinta e pincel;

Não prevalece um único véu, que alguma tímida emoção possa ocultar!

Até que a ditadura do egoísmo proclama ser chegado o fim;

E são dados assim, novos rótulos àquele inconfesso ardor;

Ilude-se o peito com outro fervor, que almeja gostoso sabor nesse gosto ruim;

Sei que tem deserto que já foi jardim, mas ignoro quem tenha esquecido um verdadeiro amor!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 23/07/2008
Reeditado em 25/07/2008
Código do texto: T1093946
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.