NA NOITE...
Vivesse o amor de uma vida
Por vezes
Em algumas horas
Se encontra a cara metade
O nosso ideal par
Para logo se diluir
Nos vapores etílicos
E líricos
Que assim como nos juntou
Quando se evaporarem
Nos vai separar
Na noite…
A droga é esse amor
Mescla de extasy
Com laivos de heroína
O êxtase sou eu
E tu o pó
Com aspecto humano
Condimentos irresistíveis
Para uma paixão
Nesse palco teatral
Que se esvai
Mal brilha o sol
Mal cai o pano
Depois de um último beijo
Na tontura
Da osmose corporal
Que com laivos eruditos
Até pode passar
Por uma experiência intelectual
Na noite…
Se esconde o segredo da nossa união
Partilhamos corpos e sombras
Mas sobretudo sombras
E é essa a nossa inquieta questão
Porque de dia
As sombras são fugazes
Quase subliminares
E basta um pouco de sol
Para logo nos apartar
Na razão concreta e absurda
Da realidade ser o nosso elixir da eterna juventude
E ao mesmo tempo intima cicuta
Já que vivemos
No Reino da Luzes
Porque é que não podemos
Ser apenas sombras luminosas
Viver na eterna ilusão
De que nunca mais
Nos despediremos
Que seremos uma perene dupla
Que na penumbra tudo à sua volta iria iluminar
E que eu estaria eternamente
Onde tu calhasses
Estar…
Na noite…