Amor de Córrego
Tal como a foz de um rio
nos fazemos em invenções de criança.
Madeira que pega fogo e vira pó
de feitiçaria.
Quero-te,
amor de luar
em farrapos finos
exaltação de coaxares
nocturnos ao léu.
Sou pessoa percorrida
por sofrimentos
e por vida
sou fuga para teu abraço
e de lá saio
mendiga.
Rica de estrelas
e de princípios feitos de precipícios,
plena de ar e de caules
verdes úmidos
húmus incrustados de ventania.
Me largaram aqui,
nua e feliz.
E eu te canto.
Quero-te, meu amor
nada mais
que a pulsação
de nossa cor.
(em uníssono)
Pôr-de-nós
na beira de um rio.
Ana Perissé*