À MERCÊ DO MEDO
Meu medo sobressai
das profundezas desses males,
são o todo ou os detalhes,
quero irromper por aí.
Meu medo conduz-me
ao palácio suntuoso e calmo,
que conhecerei a cada palmo,
sem ao menos estar aqui.
Meu medo inebria-me
com sua cachaça forte,
quero a vida, não a morte,
um aparato mais festivo.
Meu medo convence-me
das boas novas atrativas,
das cicatrizes quase vivas
na dor que ora vivo.
Meu medo esbofeteia-me
como se o seu dorso avantajado,
quisera-me o modo quebrantado,
que aqui se apresenta.
Meu medo envelhece
do mesmo modo que eu
recebo essas dores de ateu
que o peito enfrenta.
Meu medo envergonha-me
como múmias ou caveiras,
colocadas em brandas fileiras
no meu inquieto desvario..
Meu medo reveste-me
com o seu manto puído,
silencia sem alarde o ruído
sem contaminar o meu brio.
2.000