À MERCÊ DO MEDO

Meu medo sobressai

das profundezas desses males,

são o todo ou os detalhes,

quero irromper por aí.

Meu medo conduz-me

ao palácio suntuoso e calmo,

que conhecerei a cada palmo,

sem ao menos estar aqui.

Meu medo inebria-me

com sua cachaça forte,

quero a vida, não a morte,

um aparato mais festivo.

Meu medo convence-me

das boas novas atrativas,

das cicatrizes quase vivas

na dor que ora vivo.

Meu medo esbofeteia-me

como se o seu dorso avantajado,

quisera-me o modo quebrantado,

que aqui se apresenta.

Meu medo envelhece

do mesmo modo que eu

recebo essas dores de ateu

que o peito enfrenta.

Meu medo envergonha-me

como múmias ou caveiras,

colocadas em brandas fileiras

no meu inquieto desvario..

Meu medo reveste-me

com o seu manto puído,

silencia sem alarde o ruído

sem contaminar o meu brio.

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