Apenas em um olhar

Guardo como relicário em meu coração esse segredo

Depositado em aveludado tecido

Tesouro que no olhar são olhos de carícias

Tecidos em reclusas horas, depositadas horas de pensar

Perfurando veludo com agulha de bordar

E bordo flores, coloridos ramos

Com linhas de seda sobre veludo

Carícias sim, lascívias sementes de botões em flor

Tecidos, desenhados corpos na memória

Encerrados em porta jóias, mas expostos

Aos toques aos cheiros aos olhos. Por inteiros.

E encerra no espaço os sentires todos

Que meu corpo encerra

Mas que nesses olhos meus no sentir de agora avança mais e mais

Na comunhão do espaço

Bailarina em caixa de veludo me refaço a cada passo

Dentro do espaço que ocupa o mundo resguardado

O mundo edificado verso a verso em segredo

Devaneios recitados um ao outro

Esse segredo que nos faz cativos juntos

Esse degredo que nos isola e mata de amar

Apenas em um olhar

Esse segredo que temos nós no saber ressuscitar

Exílio que produz isolamento do mundano

Que nos torna laços

Cativos em nossos olhos

Retina que nos prende no que parece ser

Um escalar montanhas, um reflorir, um desmedido amor

Um declamar aos céus, um declarar sentires

Em par. Um para sempre

Regina Romeiro
Enviado por Regina Romeiro em 21/07/2008
Reeditado em 22/07/2008
Código do texto: T1091410
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