Apenas em um olhar
Guardo como relicário em meu coração esse segredo
Depositado em aveludado tecido
Tesouro que no olhar são olhos de carícias
Tecidos em reclusas horas, depositadas horas de pensar
Perfurando veludo com agulha de bordar
E bordo flores, coloridos ramos
Com linhas de seda sobre veludo
Carícias sim, lascívias sementes de botões em flor
Tecidos, desenhados corpos na memória
Encerrados em porta jóias, mas expostos
Aos toques aos cheiros aos olhos. Por inteiros.
E encerra no espaço os sentires todos
Que meu corpo encerra
Mas que nesses olhos meus no sentir de agora avança mais e mais
Na comunhão do espaço
Bailarina em caixa de veludo me refaço a cada passo
Dentro do espaço que ocupa o mundo resguardado
O mundo edificado verso a verso em segredo
Devaneios recitados um ao outro
Esse segredo que nos faz cativos juntos
Esse degredo que nos isola e mata de amar
Apenas em um olhar
Esse segredo que temos nós no saber ressuscitar
Exílio que produz isolamento do mundano
Que nos torna laços
Cativos em nossos olhos
Retina que nos prende no que parece ser
Um escalar montanhas, um reflorir, um desmedido amor
Um declamar aos céus, um declarar sentires
Em par. Um para sempre