UM GRITO POR MEU AMOR
Meu grito segue em viagem, levando consigo a surdez que o rejeitou;
Essa agonia que tão desavisada chegou, não fez preparação nem age complacente;
Dói com persistência latente, rasga o peito que duramente condenou;
Num espetáculo de horror, onde sofre guilhotinada uma paixão inocente!
A sua voz enegreceu, porque perdeu aquele alumiar jamais tido;
Foi um sabor tão intensamente sentido, que a indiferença dissipou;
Uma pétala que de sua rosa desgarrou, para voar de encontro ao meu pensar perdido;
E que deixou meu mundo sem sentido, quando de mim se ausentou!
Meu grito vaga sobre o sal das águas de seu próprio pranto;
Desejando tanto, simplesmente uma vez mais aqueles braços;
Quer lhes doar seus pedaços, quer serenar naquele olhar seus cânticos;
Quer implorar aos seus fúlgidos encantos, que lhe curem dos estilhaços!
E segue rumo ao sol, aquela inesquecível luz amorenada;
Pouco lhe importa a tenebrosa morada, em que se acha meu grito;
Ela ruma a um distante infinito, ignorando sua pretérita página;
Ficando a cargo d’alguma improvável mágica, seu escutar desse meu brado aflito!!