UM GRITO POR MEU AMOR

Meu grito segue em viagem, levando consigo a surdez que o rejeitou;

Essa agonia que tão desavisada chegou, não fez preparação nem age complacente;

Dói com persistência latente, rasga o peito que duramente condenou;

Num espetáculo de horror, onde sofre guilhotinada uma paixão inocente!

A sua voz enegreceu, porque perdeu aquele alumiar jamais tido;

Foi um sabor tão intensamente sentido, que a indiferença dissipou;

Uma pétala que de sua rosa desgarrou, para voar de encontro ao meu pensar perdido;

E que deixou meu mundo sem sentido, quando de mim se ausentou!

Meu grito vaga sobre o sal das águas de seu próprio pranto;

Desejando tanto, simplesmente uma vez mais aqueles braços;

Quer lhes doar seus pedaços, quer serenar naquele olhar seus cânticos;

Quer implorar aos seus fúlgidos encantos, que lhe curem dos estilhaços!

E segue rumo ao sol, aquela inesquecível luz amorenada;

Pouco lhe importa a tenebrosa morada, em que se acha meu grito;

Ela ruma a um distante infinito, ignorando sua pretérita página;

Ficando a cargo d’alguma improvável mágica, seu escutar desse meu brado aflito!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 21/07/2008
Código do texto: T1090930
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