Namoro antigo

Alegre me pus a te esperar,

bem posta numa cadeira de vista pra rua,

colocação estratégica para especular,

se alguma figura que passava era a tua.

Vesti o meu melhor vestido,

entornei-me de laços de fita,

meu coração ficava condoído

e a cada hora, eu mais aflita.

Levei um livro a me acompanhar,

o engolia como se não me saciasse

e interrompia a leitura para pensar

o que seria de mim se tu não passasse.

Acenei para alguns amigos,

mas guardei o meu melhor sorriso

ele se esconde aqui comigo

quase só o mostro ao te ter visto.

Pensei no teu comportamento,

lembrei-me de ocasiões antigas

em que soltava teu conhecimento

para poupar a todos de bobas intrigas.

E observei, decerto é algo irrisório

passares, somente, em frente à minha casa

e o teu passar ainda é tanto insólito

que do nada somes, cria asas!

Por hora, contento-me com nossas poucas prosas,

com o teu passar proposital pelas tardes,

algumas dúzias de botões de rosas

e de algum noivado tantos alardes.

Mas cavalheiro não seja esnobe

e em perceber um pouco te importe

que eu espero logo que reportes

o teu pedido oficial a mim.

Antes que venha outro e roube

tudo aquilo que sinto por ti

e então essa estima que me coube

já contigo não possa repartir.

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 21/07/2008
Reeditado em 21/07/2008
Código do texto: T1090710