Namoro antigo
Alegre me pus a te esperar,
bem posta numa cadeira de vista pra rua,
colocação estratégica para especular,
se alguma figura que passava era a tua.
Vesti o meu melhor vestido,
entornei-me de laços de fita,
meu coração ficava condoído
e a cada hora, eu mais aflita.
Levei um livro a me acompanhar,
o engolia como se não me saciasse
e interrompia a leitura para pensar
o que seria de mim se tu não passasse.
Acenei para alguns amigos,
mas guardei o meu melhor sorriso
ele se esconde aqui comigo
quase só o mostro ao te ter visto.
Pensei no teu comportamento,
lembrei-me de ocasiões antigas
em que soltava teu conhecimento
para poupar a todos de bobas intrigas.
E observei, decerto é algo irrisório
passares, somente, em frente à minha casa
e o teu passar ainda é tanto insólito
que do nada somes, cria asas!
Por hora, contento-me com nossas poucas prosas,
com o teu passar proposital pelas tardes,
algumas dúzias de botões de rosas
e de algum noivado tantos alardes.
Mas cavalheiro não seja esnobe
e em perceber um pouco te importe
que eu espero logo que reportes
o teu pedido oficial a mim.
Antes que venha outro e roube
tudo aquilo que sinto por ti
e então essa estima que me coube
já contigo não possa repartir.