Homem Areia

Eu lhe reconheço nos caminhos,

Nos acertos e erros de minhas tentativas...

E na brisa do mar soprando de mancinho,

Qualificando as minhas adjetivas...

Que horas, sem querer,

Pairam sem sentido...

No meu mudo estado de saber,

Ao qual me encontro remido...

Mas é preciso saber ser,

Mesmo que nada tenha lhe construído...

Calar, também é uma forma de dizer,

Pois calado, também posso ser ouvido...

Porque meu espírito é preso a sua matéria,

Mas se desprende num simples devaneio...

Para percorrer o sangue de sua artéria,

E aconchegar a mão entre os teus seios...

E entre eles sentir seu coração,

E a sua respiração, inalando meu perfume...

Onde o frasco quebrou ao cair no chão,

E o cheiro no ambiente parece que nos une...

Por isso quero o seu olhar de duplo sentido,

Conduzindo-me o corpo com vida e com morte...

Desgarrando-se dos elos perdidos,

Para pagar o valor, não me importando a sorte...

Pois tudo que é caro, não é sagrado,

E acredito que no belo, também ha parte feia...

Mas só a você, eu tenho me misturado,

Como a terra, que se mistura à areia...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 21/07/2008
Código do texto: T1090448
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