Homem Areia
Eu lhe reconheço nos caminhos,
Nos acertos e erros de minhas tentativas...
E na brisa do mar soprando de mancinho,
Qualificando as minhas adjetivas...
Que horas, sem querer,
Pairam sem sentido...
No meu mudo estado de saber,
Ao qual me encontro remido...
Mas é preciso saber ser,
Mesmo que nada tenha lhe construído...
Calar, também é uma forma de dizer,
Pois calado, também posso ser ouvido...
Porque meu espírito é preso a sua matéria,
Mas se desprende num simples devaneio...
Para percorrer o sangue de sua artéria,
E aconchegar a mão entre os teus seios...
E entre eles sentir seu coração,
E a sua respiração, inalando meu perfume...
Onde o frasco quebrou ao cair no chão,
E o cheiro no ambiente parece que nos une...
Por isso quero o seu olhar de duplo sentido,
Conduzindo-me o corpo com vida e com morte...
Desgarrando-se dos elos perdidos,
Para pagar o valor, não me importando a sorte...
Pois tudo que é caro, não é sagrado,
E acredito que no belo, também ha parte feia...
Mas só a você, eu tenho me misturado,
Como a terra, que se mistura à areia...