A FLOR E O JARDINEIRO


"Ganhei uma flor tão bela
De um perfume sem igual.
Suave como gazela
Meiga e também sensual.
 
Me apareceu assim, do nada.
As flores raras são sempre assim
Chegam como contos de fadas
Pintam o céu de intenso anil...
 
À ela dediquei todo o meu tempo
E quanto mais eu fazia
Ela retribuía
Com todo seu encantamento
 
Mas aconteceu a minha queda
Pois essa flor meiga e tão bela
Fez-me sentir muito seguro
O maior jardineiro desse mundo.
 
Olhei então outros canteiros
A primavera me sorria...
E na minha flor eu vi defeitos
Que até então eu não via...
 
Senti os espinhos mais que o seu cheiro
E o que antes era um charmoso dengo
Passou a ser meu tormento
E isso me incomodava.
 
E minha flor antes tão bela
Murchava...
Insatisfeita, desconfiava
E me cobrava atenção.
 
Até que silenciou...
Silenciei também...
Achei por bem
Que terminasse assim...
 
Me senti injustiçado
Pois eu é quem a tive em cuidado
E ela não valorizou.
Agora, eu é quem não a queria mais...
 
Assim, continuei em frente
Ora! Sou jardineiro experiente
A minha ex-flor se excitava
O seu amor a mim declarava
Em cada nascer do sol...
 
E esse país é muito florido
Existe a primavera.
E eu, um jardineiro tão querido
Encontraria uma mais bela...
 
Encontrei sim... várias
Lindas, floridas, perfumadas
Mas em nenhuma vi o amor
Que eu via em minha flor ...
 
Lembro-me agora do seu jeito
Os defeitos e até os queixumes...
Mas sinto também o perfume
E seus botões de gratidão, me entregando o coração
A cada noite de amor...
 
Se foi...
O amor passou por mim
Só eu mesmo não vi
Pois contemplava a multidão
Quando tinha em minhas mãos
A felicidade sem fim...
 
Hoje continuo jardineiro
E reconheço o Amor
Mas não tenho minha flor
Eu matei sua raiz...." (Rose Felliciano)
 
 
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*mantenha a autoria do Poema"