RASTRO

Por que meu corpo te procura

dentro da noite cínica

- magro alimento que jamais

saciará tua fome absoluta?

Por que meu olhar vermelho te busca

em meio ao negrume da esquina

- raio laser disforme que jamais

iluminará tua paixão obscura?

Por que meu andar pequeno te espreita

ao longo dessa trilha íngreme

- caminho real que jamais

acolherá meu horizonte impuro?

Por que tua magna presença ofusca

minha pálida existência

- navio à deriva que jamais

alcançará teu porto seguro?

Por que nunca deixarei de ser

tua sombra, teu odor,

tua segunda pele?

Por que teu aroma simplesmente

passou por mim

e eu me deixei levar por ele?

Flavio Villa Lobos
Enviado por Flavio Villa Lobos em 20/07/2008
Código do texto: T1089170
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