Te Fiz Jardins

Olha... Não é preciso que seja assim.

Não foi intencional ou uma violação.

Não. Fluiu diáfano e límpido de mim...

Juro-te, com meu coração nas mãos,

Que não me é, nem foi, mister mentir.

Tenho padecido muito... Sem um chão...

Queria dizer-te nesse poema-canção,

Que a casa é triste sem você por aqui.

Que o dia carece da graça rosada de ti.

Pois, comprida e estreita é a jornada,

Isenta de rosas e coroada de espinhos,

Com pedras esparramadas pelo caminho

Frio e repleto de rajadas lançadas

Pelas peludas mãos da cruel solidão.

Fiz faxina em meu porão e varri todo

O meu quintal para o sol fazer morada

Em minha casa.

Desfiz da horta e te fiz jardins

De margaridas, rosas brancas e rosadas

Crisântemos, begônias e jasmins.

No mar de angústias e de sofrimentos

Te velei nas noites e soprei os ventos

Mais perfumosos, suaves e refrigerantes

Nos meus momentos de maior inspiração

Em teus magos olhos opalas fulgurantes

Que mais pareciam dois sóis diamantes

Que os olhos meus nunca viram iguais...

Como as argentinas sobrancelhas suas

Que emitiam luzes roubadas das luas

De Saturno ou das auroras austrais...

Como viverei sem a presença tua,

Se meus famélicos olhos alimentam

De ti?

Como saberei o quanto amamentam

A dor, as tetas dessas noites escuras,

Se o sol eras tu dentro de mim?...

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 19/07/2008
Código do texto: T1088184