Nego-te muito
Não me entendo de tudo na vida que reinvento
ou nas noites choradas de onde me saem os versos
ou na brancura do dia quando o sol me aquece
e a coragem fenece caçando madrugadas.
Aporto-me em certos cais e acho a solidão
e ainda que estires as mãos nada em ti pego
e sentam-me disfarçados os mais baços desejos,
quando visitando a alma os teus me são reengendrados.
Se calo de tudo, é esse o grito da sobrevivência
e não te dou somente o que o coração pensa,
porque já não sei se queres mais ser por mim beijada.
Olha em meus olhos nesse olhar furioso
que já há neles foiteza e vêem-te eles em sobrolho
o que da boca não sai a desenhar muitas verdades.