APELO

Olhem só pra mim: tudo que sou não passa de nada;

Sou adaga sem lâmina, nublado céu que não chove;

Eu sou aquele vendo que nada remove, sou a unidade alijada;

Degrau sem escada, eu sou o tempo que não corre!

Quero o testemunho das estrelas, para que vejam meu sol noturno;

Sou esse sábio burro, sou essa casa desalicerçada;

Eu sou a junção dilacerada, a boca surda e o ouvido mudo;

Eu sou a crença no absurdo, sou o caminho sem estrada!

Eu sou o realismo metafórico, o mórbido eufórico;

Meu mito é fato histórico, meu silêncio é grito;

Meu anarquismo é rito, meu raquitismo é calórico;

Me dou quando me boicoto, me apago quando sou lido!

Vem me olhar te peço agora, e me contempla nessa invisibilidade;

Porque sou paz que diglade, sou saúde repleta de dor;

Me olha por favor e vem me castigar com tua bondade;

Me liberta e me invade, e antes que me seja tarde: dá-me o teu amor!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 18/07/2008
Código do texto: T1086398
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