A angústia dos olhos

Quando eu quiser sentir de novo

o que de novo temo sentir meu,

hei de fazer essa angústia tua

não mais me ser o que te mereceu.

Destilarei venenos rebuscados,

os que só matam os amantes depois de beijados

quando de dia vencidos têm na noite calada

a mansa agonia de um vulto que morreu.

Teus olhos são doces desejos que me vêm

onde me cegam as vontades desoferecidas

e onde a minha alma se oferece livremente à tua.

Repinta-me o mundo nesse profundo amor teu,

como se tudo fosse dado ao desejo do mundo

e apenas meu canto por um amor que em ti já viveu.