RAZÃO DO MEU AMOR

Revolvendo as lembranças do passado,

Encontro alguns poucos, raros, amores,

Nenhum deles que fosse tão durável,

Ou tivesse o toque sutil, incontrolável,

De uma paixão sem fim, sem dissabores,

Nada tão forte, a ter-me arrebatado,

Enfim...

Fugazes amores, aqueles da juventude,

Alguns que ficaram mesmo esquecidos,

Outros, em que u'a lembrança vaga,

Que o tempo ofusca, mas não apaga,

É tudo que ficou, entre os perdidos

Pedaços de uma época que, amiúde,

Se esfuma.

E então, parece não haver nenhuma

Razão a justificar que se evoque

Esse passado assim, sem interesse,

A não ser uma somente, que vê-se

Ser, na vida, este mais puro toque

Da paixão maior, suave qual a bruma

Que encobre,

Com essa sua força tão altiva, nobre,

Todo amor que possa dantes ter vivido,

Porquanto a ela não há de comparar-se,

Qualquer outra, nem existe o que disfarce

Este poder do amor que vivo, comovido,

Contigo, musa minha, ainda que me sobre,

Assim,

Por vezes, a dor terrível da tua ausência,

A corroer, sem trégua, o pobre coração

Deste poeta que te ama, sem medida,

Por seres a razão da minha própria vida...

E nada pode ser superior à emoção

Que sinto, por força de tua permanência

Junto a mim.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 17/07/2008
Reeditado em 18/07/2008
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