ENVOLTO EM LUZES

Deixa eu vagar a esmo,

sem destino e sem vontade,

na verdade de mim mesmo.

Deixa eu caminhar sempre,

como o pedinte faminto

o qual desminto o presente.

Deixa eu enveredar-me acaso,

nas tuas asas mais leves,

como breves luzes do ocaso.

Deixa eu segurar-te o ombro,

dedicar-te o meu amor efusivo,

pelo qual vivo o meu assombro.

Deixa eu parecer estranho,

mediante o teu dedicado

e mais devotado sonho.

Deixa eu embrenhar-me ainda,

nas tumultuosas florestas,

e por estas belezas infindas.

Deixa eu concluir a respeito,

no alvoroço que se promove

que agora se move no meu peito.

Deixa eu conduzir-me então

pelas frestas mais estreitas

de quem as deita no chão.

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