UM BEIJO... UMA NOITE MOLHADA E FRIA

O inverno chega

Ele trás sempre o mesmo frio

De todos os invernos

Ele chega devagarzinho

Um pouco de chuva hoje

Outro pouco amanhã

Em fim domina

E envolve a tudo e nos o sentimos imenso

Senhor de chuvas diárias e ventos frio

Ele reina então, mas somente por meses

Depois se vai, e deixa só a lembrança do frio

Das noites escuras, das correrias na chuva

Das estrelas que não apareciam no céu

Nem na canção dos poetas.

De jardins molhados, de encontro que não foram possíveis

E até de beijos esquecidos, na brisa de alguma noite molhada e fria

Interessante; como o inverno, foi o meu amor.

Veio também pouco a pouco

Sem dizer mesmo quem era

E eu o senti, e ele dominou também

E você o sentiu também

E ele reinou como o inverno

Mas, diferente do inverno, ele trouxe consigo,

Lembranças de todo nosso passado

E mesmo de quando chegava e não dizia quem era.

O inverno irá ainda este ano meu bem

Porem não ira com ele o meu amor por você

Ele ficará somente seguindo para nos

Ele estará sempre à espera

De um novo inverno em nossas vidas

E quando um dia, o inverno nos encontrar já velhinhos

Ele verá que este amor não se foi

Então beijara nossos cabelos brancos, os meus raros

E talvez traga uma benção para nos

Com o seu frio, a sua chuva, seu sorriso.

E com uma leve brisa a perder em alguma noite molhada e fria

Um beijo de ternura darei na sua testa

E felizes sorriremos a espera de outros invernos...

Amo-lhe muito...

Salvador, 25/04/1972

Barret.