A Lua (Cinquina)

Bela ela brilha e reina no céu.

deixa seu rastro em sinais de luz.

Quando se esconde, perde-se, é fato,

grande beleza em noites escuras,

onde se esconde a ave e a caça.

 

Falte o luar, então, nem por graça,

pode-se achar o rastro cruel,

de um sorrateiro lobo que aduz,

a perseguir as pobres criaturas

com aguçado ouvido e olfato.

 

Mas se um poeta ama de fato

e a lua cheia, pelo céu passa,

a inspiração se agita e reluz:

e não escapa tinta e papel

que não descreva suas agruras.

 

Se a companheira, pelas alturas,

sabe que a dor sentida é um fato,

o sonhador não faz escarcéu

e, disfarçando, bebe da taça:

bebida estranha, sabe a alcaçuz...

 

Lua formosa, minha fé pus, 

busquei azeite e doces canduras;

deixei as flores, lá onde grassa

água da fonte. Não falte o tato.

Ao meu amado, o pote de mel.

 

Nilza Azzi

nilzaazzi.blogspot.com.br