ÁGUAS DE TEUS SEGREDOS
Escorrem de tuas íris
Doces fragmentos de ti
Rios corrediços
Fazendo lago
Em teu colo movediço
Um fundo azul turmalino
Brilha mais que afogado
Na macia seda lustrosa
De teu sutiã ladino,
De teu tecido decotado
Alastram-se os fluidos...
Ah revolvido mar!
Movendo nas ondas agitadas
De teu adornado vestido!
Teu cru lenço amásio
Amassado entre os dedos
Já molhado e em fuga
Pede mais ajuda...
Não se basta inteiro
A estancar sozinho
As fontes purificadas
Das águas de teus segredos
Uns olhos de criança
Num pranto mancebo,
Agudinho, cheio de esperança
Quedam-se em cristais barulhentos
Combinando os elementos
De calor e bem-aventurança
Em seu tristonho descenso
Correm pela tez macia,
Por licorosos elementos
Reduzindo os sais
A gélidos lamentos,
Emotivos quartzos,
Chorosos cristais
Ainda assim,
Em meio a tantos soluços
Um caldo de cereja!
Enorme ternura tua
Comovente delicadeza
Uma bondade nua
Uma cortesia acesa...
Tu és assim...
Mesmo que em meio a prantos!
Altivez e alteza
Buquês de alecrim
Nem se sabe quantos...
Chorando tua beleza!