ÁGUAS DE TEUS SEGREDOS

Escorrem de tuas íris

Doces fragmentos de ti

Rios corrediços

Fazendo lago

Em teu colo movediço

Um fundo azul turmalino

Brilha mais que afogado

Na macia seda lustrosa

De teu sutiã ladino,

De teu tecido decotado

Alastram-se os fluidos...

Ah revolvido mar!

Movendo nas ondas agitadas

De teu adornado vestido!

Teu cru lenço amásio

Amassado entre os dedos

Já molhado e em fuga

Pede mais ajuda...

Não se basta inteiro

A estancar sozinho

As fontes purificadas

Das águas de teus segredos

Uns olhos de criança

Num pranto mancebo,

Agudinho, cheio de esperança

Quedam-se em cristais barulhentos

Combinando os elementos

De calor e bem-aventurança

Em seu tristonho descenso

Correm pela tez macia,

Por licorosos elementos

Reduzindo os sais

A gélidos lamentos,

Emotivos quartzos,

Chorosos cristais

Ainda assim,

Em meio a tantos soluços

Um caldo de cereja!

Enorme ternura tua

Comovente delicadeza

Uma bondade nua

Uma cortesia acesa...

Tu és assim...

Mesmo que em meio a prantos!

Altivez e alteza

Buquês de alecrim

Nem se sabe quantos...

Chorando tua beleza!

Gê Muniz
Enviado por Gê Muniz em 15/07/2008
Reeditado em 21/10/2008
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