O amor Quando é Silêncio.
Outras horas.
Escrever no cansaço o traço das ondas
a serem deitadas: peitos de areia, sal, sua frangrância?...
A recolho da janela no café contorcido
opor um pensamento:
ama as tardes nuas
ama a mulher há dias,
ama o crochê da toalha
pelas migalhas de pão retidas
e não tema
um deus
prezável.
Outras horas.
No piano só palma da mão,
eternos são os olhos que contemplam
como fugitivos quiseram ser
os poucos admirados
a dona do tanga
o homem de óculos cor distancia
ama-os
como os amendoins no pires branco,
a virgula de espuma no copo quando esvaia
suas derradeiras camadas no vidro de uva afogado
qual um resto de vinho,
ou cerveja em seu suave limo agasalhado
ama-o
como eu amo teus altos sapatos
ela meu tornozelo
muito mais que a perna enganado
tomando-lhe dobras no ocaso ao lençol
por que às vezes amar e tão desnecessário
que ele não tem pressa
e ela
chama no demasiado tarde
a um táxi que há de passar
e ficar para sempre, como ambos, na rua distantes.