Brandura d’alma

Como antes os galos não cantam mais,

No por do sol alterado. . .No céu não há outono,

Há uma languidez no final da pena, que por entre

Os dedos vai-se, indefinidamente. . .

Como antes os galos não cantam mais,

No por do sol alterado. . .Tudo se extingue,

E vai pelos ares, e arruína-se, e cai à pena. . .

Distante se vai, quase expirada, como desatenta. . .

Cheia de duvidas. . . Sem saber de nada. . .

Parece estar morta, enfim, acabada.

De uma moléstia sem consternação,

Que não sabe de nada. . . E os galos

Como antes não cantam mais, no por do sol alterado. . .

Os galos como antes não cantam mais,

No por do sol alterado. . . O espectro da fina flor,

Meigo e implícito, inexistente à verdade sombria

E ilusória castiga a alma da gente. . .

Como antes os galos não cantam mais,

No por do sol alterado. . . Foi-se para longe! . . .

Fim de tarde. . . Além do horizonte. . .

E, taciturnos, feito quem com tudo concorda

Peregrina-se sobre as noites, serenamente,

Meus sonhos que longe se vão fragilizados, feito palha. . .

Tentam construir poemas de amor,

Em pleno sossego. . . E como antes os galos

Já não cantam mais, no por do sol modificado, que jaz

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 15/07/2008
Reeditado em 14/08/2008
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