Loucura dos deuses
Não me peçam versos que não tenho,
de um amor feliz e bem vivido…
Árido coração que desdenho,
nesse mar tão longo, se é perdido.
Rezo ao vento e deusa das marés;
Ventre rasgado à tempestade.
Esse horizonte que para mim és,
sorriso cínico e de maldade.
Morte aos deuses que assim me castigam;
Não deixam do Olimpo ter visão,
a escondem e assim me instigam,
no sofrer louco desta paixão.
Quebram a lira da poesia,
num caminho que vislumbro o fim.
Essa mulher que eu tanto queria;
Nau que zarpa para longe de mim.
Morrem palavras na minha boca.
Abafo da revolta meus gritos.
Choro poesia, porque ela é louca
e os versos, terríveis delitos.
Sonho a vida nesse corpo ameno
e vejo enfim… Que ela me quer.
Entrego-me humilde e sereno…
Nos lábios, há sabor a mulher.