HORA E IMAGENS

Está na hora

O celular toca

A música pára

A garganta seca

O coração não nega

Alguém me chama

As mãos e os pés suam,

O corpo esfria,

O tempo esquenta,

A chuva chega,

A lágrima cai...

Está na hora

O avião pousa

O tempo não passa

A lembrança vai e volta

Às vezes não volta

O mar trás ondas

Mergulho em enormes desafios

Percebo a passagem do tempo

O telefone não mais toca

E para não ficar oca

Entro em minha toca

O chão não se abre

O corpo não fala mais

O copo está vazio

O Sol já se pôs no infinito

A areia tão branca, tão fina, tão macia...

Apenas a areia pode testemunhar

A minha ânsia em meio às pedras, as rochas e o mar...

Queria o tempo congelar.

Que o frio fosse quente.

Que o quente fosse frio.

Que os termômetros explodissem em frações de segundos.

Que os faróis iluminassem o meu, o seu, o nosso olhar.

Repetições em atos contínuos.

Frases repetidas sem nostalgias,

Amor, amor, amor, amar...

Verbos que respondam ao tempo o que somos sem pensar.

Beijos febris,

Beijos cansados, porém aguardados, desejados.

São inúmeras as imagens que visualizo nas conchas, nos búzios, nas entrelinhas das estrelas.

Mais horas, mais imagens...

O avião, as nuvens, o céu, o espaço, o eco, o berro, o choro, o corpo, o cheiro, o vinho, o canto, o chão, o mar, o tudo, o nada, o gesto, o paladar, o óbvio, o certo, o correto, o tato, o caro, o raro, o belo, o ácido, o plástico, o elétrico, o fio, o dar, o ter, o ser, o lar, o líquido, o sólido, o contrário, o extraordinário, o sábio, o lago, o morto, o forte, o fraco, o esperto, o justo, o inocente, o cruel, o inimaginável, o algoz, o espião, o ilusionista, o falso, o verdadeiro, o otimista, o egoísta, o pessimista, o protagonista, o equilibrado, o fanático, o altruísta, o vencedor, o perdedor, o amado, o odiado, o fascinante, o inesperado, o fim, o começo, o doce, o amargo, o caso, o acaso, o tênue, o limite, o aspirante, o criativo, o Sol, o erro, o acerto, o livro, o remédio, o tédio, o prédio, o casaco, o inverno, o churrasco, o jantar, o caminhar, o esquecimento, o buscar, o perplexo, o orgulhoso, o enamorado, o amante, o anel, o brilhante, o negócio, o dinheiro, o sentimento, o objeto cortante, o carro, o laço, o sangue, o veneno, o diário, o jornal, o orvalho, o girassol, o passatempo, o encantado, o maquinista, o libertário, o ditador, o torpor, o escândalo, o sumário, o resumo, o texto, o poema, o teto, o som, o universo, o trabalhador, o ator, o cantor, o padeiro, o escritor, o pintor, o esmalte, o relógio, o cinema, o teatro, o sorvete, o sapato, o cinto, o rádio, o refrigerante, o pastel,

O brincar, o sonhar, o planejar, o vender, o comprar. Por fim, a imagem do AMOR que continua a pulsar e é o que tenho de mais caro a ofertar.

ANDRÉA ERMELIN

Salvador-BA/Brasil

14 de julho de 2008