Júlia

És o despertar de um sono que reúne a boca ao beijo

O suor que escorre e decorre

Da nuca, nas costas, na face, no peito

E o som que sai da minha boca

Que toca como corda

E cai como pedra

Dentro de você

És o desfrutar do fruto proibido ao desejo

E ao toque dos lábios, ao toque dos dedos

Na harpa sem mácula, dos olhos sem mácula

Que tragam meus músculos

E roem minha pele

E me lançam no abismo

Sem roupa, sem tudo

És um rio caudaloso que se entorna

Por sobre meu colo

Vem lento e turvo

E deságua sem medo, calmo

E tormentoso

Pudica e indecorosa

És bem um busto ou própria deusa

Os seios cobertos,

Mas a espádua nua

Os olhos fixos

E tão expressivos

E ilustres e lustrosos.

És de curvas que incitam

E beleza que insinua

Senhora de um corpo que não é seu

E de uma alma que não é sua

Senhora de um coração que não é seu

És tu, tão segura e insipiente

Tão desatenta e observadora

Que em um olhar simplesmente

Fez-me quedar no tempo de repente

Para me matar

De uma morte desalentadora,

Júlia

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 11/07/2008
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