ÁRIA PARA O MEU DESTINO
Quando me soubeste tua
Eu ainda não existia.
Apenas plasmada
Em densos crepúsculos de marfim
Que o fogo das horas consumia
Com a lassidão de uma fuga
Atravessei estradas oceânicas
Tropeçando em meus cabelos
Que perfumavam o vento
Com o cheiro de tua carne.
Ainda assim,
Adormeci em paisagens de silêncios
Onde transidas donzelas
Grávidas de noite
Pariam auroras inominadas.
Tu me seguiste pelos abismos do talvez
Onde eu me guardava do mundo
Entre corais e nuvens de cristal.
Meu peito estava nu.
Minha ternura,
Confinada em asilos de solidões.
Somente minhas mãos de conchas a te buscar
Na planície incendiada da luxúria.
Dividida, é assim que me tens:
- meu lábio, várzeas de esquecimento.
-meu corpo, estuário de paixões.