ÁRIA PARA O MEU DESTINO

Quando me soubeste tua

Eu ainda não existia.

Apenas plasmada

Em densos crepúsculos de marfim

Que o fogo das horas consumia

Com a lassidão de uma fuga

Atravessei estradas oceânicas

Tropeçando em meus cabelos

Que perfumavam o vento

Com o cheiro de tua carne.

Ainda assim,

Adormeci em paisagens de silêncios

Onde transidas donzelas

Grávidas de noite

Pariam auroras inominadas.

Tu me seguiste pelos abismos do talvez

Onde eu me guardava do mundo

Entre corais e nuvens de cristal.

Meu peito estava nu.

Minha ternura,

Confinada em asilos de solidões.

Somente minhas mãos de conchas a te buscar

Na planície incendiada da luxúria.

Dividida, é assim que me tens:

- meu lábio, várzeas de esquecimento.

-meu corpo, estuário de paixões.

Zel Soares
Enviado por Zel Soares em 11/07/2008
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