Poema 0585 - Meus delírios

Repouso meu corpo depois do amor, antes beijo o vazio de sua boca,

deixo que as luzes sigam dos meus olhos aos seus desejos,

toco o pedaço de carne inexplorada, a pele que queima, o fogo que exala,

até o perfume ser abandonado no ar do quarto de amor em quase silêncio.

As vidraças ficam embaçadas de uma névoa interna dos corpos,

somos alegorias das vontades que o prazer impõe,

eternos nas juras que a paixão nos faz dizer,

barquinhos de papel nas ondas violentas do tesão que aflora a pele nua.

Hoje aprendi a voar, a sentir as palavras no meio do beijo,

imaginar a paixão, assim como nos sonhos de uma noite vazia,

quero-me rebelde, me faço adolescente, apenas contesto o amor,

nego a ser mais humano, amantes não são normais, apenas amantes.

Derrame meu melhor vinho sobre o corpo, deixe a luz entrar na pele,

faça-se mulher presente, amante de todas as cores e brilhos,

quero meus olhos ofuscados, a respiração ofegante, as mãos trêmulas,

assim como nas noites que meus desejos tomam-na de um prazer louco.

Tome minhas mãos, coloque-as entre seus seios, esconda-as,

quero correr seu corpo, marcar cada pedaço pelos meus dedos,

jure tudo que um dia sonhou, realize todas as suas promessas,

deixe que lhe dê os desejos, o prazer, o êxtase e depois a paz.

Somos o tempo, a espera, a noite e o dia, os reencontros,

fui eu a hora que parou no ponteiro prateado da lua cheia.

Quero seu ar, o perfume que exala do seu sexo, a mulher que deita;

somos, se quiser, os sonhos, as festas, a paixão, o amor que ama.

03/02/2006

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 03/02/2006
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