O LEÃO

Rei morto

os ratos desfilam funerais

trajando bijuterias e cuecas remendadas

retirados do tesouro,

cujo sexo é alarme de vampiros.

Rei morto

ainda que amante,

tudo o que restou

foi o olhar da coruja

ao nascer da lua.

Rei morto,

o anjo de pedra

gargalha na lápide

o quanto das mulheres o deixou

e o dinheiro que se foi.

Amar é o céu

até no desterro,

a mulher é-lhe tão sublime

que na corrente

lê a mão do carrasco.

Amor por amor à fêmea

livra o ladrão do olho da serpente,

a mulher desnuda-se surgindo do azul,

no sexo o sussurro das almas

voluptuosas avermelha a juba do leão,

no amor, mulher, o leão é te fazer minha

como a selvageria e a cobiça,

tudo é real, o que atiça

a vontade pelo corpo teu

é o chamado da aura

incendiando a delirante ruína do trono de Zeus