DE BRISA A FURACÃO
A brisa sempre fez jus aos seus atributos de singeleza;
Esnobando leveza, agredindo o vácuo do tédio de tão inofensiva;
Sempre na defensiva, eternamente contida em sua inteireza;
Era a indiferença ao assédio da beleza, que dos âmagos se realiza!
E assim seria sempre, não fosse a luz morena daquele sol;
Que he ofuscou como um imenso farol, e desatinou seu navegar;
Passando a titubear, entre a tentação de pescar ou de manter-se anzol;
Estranhando o próprio rol, cogitando de outros rumos desfrutar!
Bem que lutou para manter-se brisa, mas lhe venceu o ímpeto aliciador;
Aquele sol provocador fez despertar um vendaval dentro de si;
Um ar tempestuoso logo se viu a surgir, onde outrora havia um vento sem vigor;
E quando ambos fizeram amor, um novo ser passou a existir!
O sol moreno tornou-se a pele da paixão, e envenenou de sedução a sua vítima;
Que como antes nem era mais vista, e que agora sucumbia ao coração;
Seu lado inocente passou a ser vilão, como resposta de sua defesa legítima;
Agora se passado de brisa, voava em seus rigores de furacão!