DE BRISA A FURACÃO

A brisa sempre fez jus aos seus atributos de singeleza;

Esnobando leveza, agredindo o vácuo do tédio de tão inofensiva;

Sempre na defensiva, eternamente contida em sua inteireza;

Era a indiferença ao assédio da beleza, que dos âmagos se realiza!

E assim seria sempre, não fosse a luz morena daquele sol;

Que he ofuscou como um imenso farol, e desatinou seu navegar;

Passando a titubear, entre a tentação de pescar ou de manter-se anzol;

Estranhando o próprio rol, cogitando de outros rumos desfrutar!

Bem que lutou para manter-se brisa, mas lhe venceu o ímpeto aliciador;

Aquele sol provocador fez despertar um vendaval dentro de si;

Um ar tempestuoso logo se viu a surgir, onde outrora havia um vento sem vigor;

E quando ambos fizeram amor, um novo ser passou a existir!

O sol moreno tornou-se a pele da paixão, e envenenou de sedução a sua vítima;

Que como antes nem era mais vista, e que agora sucumbia ao coração;

Seu lado inocente passou a ser vilão, como resposta de sua defesa legítima;

Agora se passado de brisa, voava em seus rigores de furacão!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 10/07/2008
Código do texto: T1073528
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