FIM DO SILÊNCIO
Há tanta estática
No ar
Há demasiada gente
A gritar
E muita mais
A suspirar
Ouve-se esse som, o som do silêncio
Um pouco por todo o lado
Interstícios do som global
Que envolve
Quem está apaixonado
Sou só eu e tu
Que estamos
E talvez mais uma multidão
O estarmos sós
Não só é um estado físico e mental
Mas também uma condição
Para a construção de um futuro
Que só conhecemos a base
Só construímos os alicerces
O resto deixamos à imprevisibilidade
Dos sentires
Pois é ela o seu cerne
Núcleo sagrado
Da nossa união
Que se comporta como os átomos do ar
Ora estão juntos
Ora não estão
Andando um pouco
Por todo o lado
De forma errática
Talvez demasiado
Ao acaso
Porque a Lei da Incerteza
Sempre foi a única que nos guiou
Eu amo-te
Tu amas-me
Mas foi o destino que nos juntou
Mas também ele
Que nos separou
Nessa cacofonia
De falarmos ao mesmo tempo
E de repetirmos os mesmos sons
Se bem com diferentes verbos
Língua que só
Nós entendemos
Mas cujo entendimento
Me dá
Nesta aventura
Algum alento
Para continuar
A confusão ordenada
Pondo assim fim definitivo ao
Fim do silêncio