Dá-me tua mão, antes que chegue a noite
E a voz se perca na escuridão que repousa...
Dá-me tua mão, porque és o porto contra a tormenta,
Luz que inspira e acalenta
As dores insepultas que doem em mim.
Não se vá pela noite afora
Esquecida...
Do terno cimento que sustém a ponte,
Donde contemplamos o caudaloso rio.
Tua partida só anuncia o abandono
De todas as paisagens e de toda esperança...
Restará a triste sombra da casa sem dono,
Onde já não vibra o riso, a música, a dança.
Entrastes em minha vida e fostes vida
Bem mais que toda vida já vivida...
Dá-me tua mão e perdoa a loucura
Desta alma que por teu amor procura.
E que não seja nem a noite nem o dia
Limites para a verdadeira alegria...
de sentir entre as minhas tua mão
E na alma o bater do teu coração.
O dia que nos uniu
só este em verdade importa
Resume em si toda História
Que não nos é dado esquecer...
Demais, como olvidar
Aquela a quem devo o batismo da fé?
Aquela que acredita que posso
Ser o o farol em seu oceano de mulher?
Dá-me tua mão, longa é a estrada
Que nos aguarda além das janelas
Paisagem que inunda toda tela
Em que sou teu homem
Minha mulher.