AMOR AUTORITÁRIO

É tão estranha essa forma de te querer;

Sem explicação do seu por que, e tão tamanha;

Jogo que só me ganha, água que perde pro fogo;

Ar restrito ao sufoco, sentimento perdido nas entranhas!

É ultimato que não admite minha recusa;

Que me advoga e me acusa, que me salva e me condena;

Devastação de aparência amena, visitação de emoção intrusa;

Bifurcação que num ponto se cruza, e me faz platéia de sua cena!

Todo esse amor, que transbordou no universo;

Chove incessante em meus versos, e desce com gosto de sal por meu rosto;

A me abandonar mostra-se indisposto, ao meu controle disperso;

De tudo que supus é inverso, de toda prudência é oposto!

Ele estampou teu rosto nas nuvens, propaga teu cheiro no ar;

Difunde tua voz pelo mar, alardeia nos vales teus encantos;

Nas crises regadas a prantos, explode e faz meu peito dilacerar;

Não há acertos e nem errar, e tudo mais inexiste sob seus mantos!

Esse governo autoritário segue ditando os passos meus;

Sem chegada e sem adeus, sem conquistas e sem fracassos;

Muitas histórias em poucos pedaços, operando o que nunca se deu;

Nada em mim permaneceu, nada restou sem seu domínio em meus espaços!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 09/07/2008
Código do texto: T1072158
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