AMOR AUTORITÁRIO
É tão estranha essa forma de te querer;
Sem explicação do seu por que, e tão tamanha;
Jogo que só me ganha, água que perde pro fogo;
Ar restrito ao sufoco, sentimento perdido nas entranhas!
É ultimato que não admite minha recusa;
Que me advoga e me acusa, que me salva e me condena;
Devastação de aparência amena, visitação de emoção intrusa;
Bifurcação que num ponto se cruza, e me faz platéia de sua cena!
Todo esse amor, que transbordou no universo;
Chove incessante em meus versos, e desce com gosto de sal por meu rosto;
A me abandonar mostra-se indisposto, ao meu controle disperso;
De tudo que supus é inverso, de toda prudência é oposto!
Ele estampou teu rosto nas nuvens, propaga teu cheiro no ar;
Difunde tua voz pelo mar, alardeia nos vales teus encantos;
Nas crises regadas a prantos, explode e faz meu peito dilacerar;
Não há acertos e nem errar, e tudo mais inexiste sob seus mantos!
Esse governo autoritário segue ditando os passos meus;
Sem chegada e sem adeus, sem conquistas e sem fracassos;
Muitas histórias em poucos pedaços, operando o que nunca se deu;
Nada em mim permaneceu, nada restou sem seu domínio em meus espaços!!