Penélope

nos teus joelhos aplacada,

dobo a meda do juízo em policromia de fios.

Penélope, teço de dia calmarias extremas

e, sob o luar abrasado da noite,

se t’invento,

se te sinto

desdobo

anulo

devogo

desfaço

a meda comum de centeio e trigo

sendo, neste enleio,

velame alisado à cordoaria de um tempo

lento

aceito

o laivo povoado de incerteza

encaixo-me

na magnitude da tua alma de poeta e sou

refúgio

templo

território sagrado

onde papoilas nascem e nidificam marinhas aves

e tu

a sementeira intacta onde busco o alimento

quando, dobada livre, em voo planado

perscruto alvéolos da terra

coisas simples

e menores

de morfologias insidiosas

nesta Lezíria tão nossa

…e, quem sabe, a semente primeva

do rubro de teu olhar!

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 09/07/2008
Código do texto: T1071808
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.