Penélope
nos teus joelhos aplacada,
dobo a meda do juízo em policromia de fios.
Penélope, teço de dia calmarias extremas
e, sob o luar abrasado da noite,
se t’invento,
se te sinto
desdobo
anulo
devogo
desfaço
a meda comum de centeio e trigo
sendo, neste enleio,
velame alisado à cordoaria de um tempo
lento
aceito
o laivo povoado de incerteza
encaixo-me
na magnitude da tua alma de poeta e sou
refúgio
templo
território sagrado
onde papoilas nascem e nidificam marinhas aves
e tu
a sementeira intacta onde busco o alimento
quando, dobada livre, em voo planado
perscruto alvéolos da terra
coisas simples
e menores
de morfologias insidiosas
nesta Lezíria tão nossa
…e, quem sabe, a semente primeva
do rubro de teu olhar!