O porvir
Dizer que já não fazes
Parte de mim
É lutar contra mim mesmo?
Lembro-me que havia relevo
E que a neblina ali sempre fora nascente
Por lágrimas
Fiz da semente
Algodão doce
A doçura de um olhar converteu a neblina;
E onde era difícil de enxergar
Teus olhos foram vaga-lumes
Pra guiar o cego (medo do destino)
Pelo caminho denso;
Sem tesouros milagrosos,
Sem palavras bonitas,
Sem considerações metafísicas especiais...
Pois cada milissegundo de momento
Foi belo (sem adereços ornamentais,
ou construções faraônicas).
Lembraremos sim –
Recordar não é enraizar só o belo –
A duplicidade nos levou e nos abandonou
E nos cegou (o que fez dela invisível).
Pranto de ilusões periódicas, desordenadas
Se no dia soubesse;
Se ao menos soubesse...
Estaria, enfim... Nada mais vale.
Enganar-me seria acreditar que fazes parte de mim.
Sim, fazes.
É a parte de mim que tu fazes parte
Que não mais vive aqui,
Em meu peito.
Até o porvir.
Por seu então amigo,
Tenório Valjean.