Obrigado por existir
Alguns versos despertaram, ainda que zonzos
Das entranhas do sub-chão
Manifestaram-se, ainda que entorpecidos, publicamente
E dois ouvidos ouviram, ainda que amedrontados
O que muitos olhos jamais entenderiam.
Os seus ouvidos, este belo par de orelhas ouvintes
Intuíram algo de aterrorizante nestes versos macabros
E desnorteados, embora sabendo a direção dos pólos
Abandonaram os versos, no primeiro instante de solidão.
Alguns versos resistiram, ainda que abestalhados
Às profundezas de seus sonos sem chão
Maquinaram, ainda que em solo firme, vôos esquecidos
E seus dois ouvidos ouviram, ainda que embriagados
O que muitos olhos jamais sentiriam.
Os seus ouvidos, este belo par de orelhas ouvintes
Abraçaram algo de estranho nestes versos sem rima
E norteados, embora não freqüentadora destes pólos
Encaminharam os versos por lugares prazerosos.
Os sóis surgiram um a um de suas órbitas
Nada de versos anacrônicos, apenas posturas reais...
Nada de melodias inaudíveis, apenas notas tribais...
Nada de antitelas incompreensíveis, apenas cores vivas...
Nada de monólogos desinterativos, apenas realidades cênicas...
Nada de ovos disformes, apenas posições vindicativas...
Ah! quantos sóis em meio a uma única estrela…
Os versos e os antiversos
A fantasia vestida da pura lama da realidade
O real acompanhando o desfile imaginário de anjos e arcanjos
Os eus e os antieus
Gravidade emocional e racional hiperbólica
Implosão, e explosão, e implosão, e…
Essss… treeee...laaaa… socorro!
A realidade e a fantasia e a realidade e a fantasia… apenas você soube distinguí-las. Não é questão de equilíbrio, não, é estar realidade enquanto realidade comum. Estar fantasia enquanto solidão. Peço-lhe, pois sei que a estrela é consigo, que me ajude nesta caminhada. Sei que o que peço tem características desumanas, mas também sei que esta estrela que é consigo é a minha estrela-guia. Obrigado por existir.